Em tal documento é possível encontrar estultícias várias. Afirma-se, por exemplo, que não é possível dizer que não haja racismo em nosso país. Puxa, vida ! Me senti surpreso. Fui pego no contrapé. Não sabia que existia racismo no Brasil. E ainda, há mais: por conta da cultura escravocata, que ainda determina os rumos no Brasil (sic), se instituirá, a partir de agora, o ensino da história e cultura "Afro-Negona" (como diz Hélio de La Peña) nas escolas públicas. Ruanda é que deve ser mesmo o modelo a ser seguido, quando se trata de escravagismo, já que lá as tribos se escravizam até os dias de hoje e se massacram como se fossem insetos, as "Baratas Hutus". Que dizer então do Haiti, país mais negro do nosso continente.
Quer dizer, não se ensinará mais história do Brasil e história geral. A partir de agora, a história da África vai ganhar papel fundamental no currículo nacional, consistindo em uma disciplina à parte. Nem as civilizações mais avançadas ganharam este privilégios, aliás, não se ensina praticamente história antiga na escola, tampouco história medieval, já que isto, quando ocorre, corresponde sempre à mesma repetição de clichês, tais como Idade das Trevas e "os gregos eram umas bichas tresloucadas e por isso eram inteligentes". Ótimo, negligencia-se amplos períodos da história da humanidade, enquanto se valoriza todos os relatos de uma determinada região geográfica, como se, aliás, a África fosse uma unidade coesa formada só por povos de pele escura, ficando de fora Cartago, a Numídia, onde nasceu Santo Agostinho e etc.
Além do mais, para que se finde os argumentos, no que consiste a igualdade racial, senão reconhecer no seu semelhante um representante da raça humana, quaisquer que sejam suas características físicas externas ? Isto é igualdade; não criar sistemas de cotas e categorizações de pessoas segundo suas caracterízticas físicas, pois sabemos que, no Brasil, isso é impossível. Aonde estarão indo todas as matizes causadas pela miscigenação, que sempre foram reconhecidas, e que, afinal, são a realidade?
Outro assunto que chama atenção no famigerado panfleto é a apelação que se faz à igualdade de gênero, enquanto se propugna a diversidade sexual. O que dizer disso, então? A diversidade sexual que sempre existiu deve ser abolida, entre homens e mulheres, enquanto a igualdade sexual deve ser eliminada entre homens e homens, e mulheres e mulheres.
Além do mais, não é somente o fato da diversidade ter sempre existido, senão também o fato de que somente ela dá sentido à palavra sexo, enquanto tudo que é empregado a partir daí, como homossexualismo ou bissexualismo, tem sentido impróprio, quando se trata de humanos. Bissexuais são as minhocas que desempenham duas funções em duas relações diferentes, sendo que daí são produzidos ovos. A pessoa que mantém relações libidinosas com outras do mesmo sexo, além das do outro, comete, sim, uma perversão. A rigor, não se pode falar de homossexualismo.
Sem dúvida, trata-se de uma expressão da frase de um autor romano "O tempora, o mores!", mas é importante, também, notar que essa é uma tática de manipulação por estímulos contraditórios. Igualdade e diversidade são contraditórios em si mesmos, mas apenas quando referidos ao mesmo objeto na mesma relação. Na realidade, são complementares, apesar de o segundo depender do primeiro, pois nenhuma coisa pode ser diferente de outra se, em primeiro lugar, não for igual a si mesma.
Ora, o que se pretende, na situação comentada, é exatamente utilizar esses dois vocábulos de maneira contraditória, sem que se perceba, apenas trocando a palavra 'sexo' por 'gênero', de modo a, empregando-as na mesma acepção, apresentar propostas que colidem diametralmente, a saber: a igualdade de gêneros e a diversidade sexual.
Daí decorre que tais expressões idiomáticas não significam, propriamente, nada, sendo usadas tão-somente para a inversão de valores na sociedade. É importante entender que, tanto a sodomia quanto o lesbianismo são negações da identidade sexual das pessoas por elas próprias. É o sexo versus o não-sexo, uma relação que, na lógica aristotélica, se diria de contradição; não há aí diversidade, mas simplesmente negação, isto é, destruição. Já a relação existente entre homem e mulher é complementar, uma relação denominada de contrários, na qual a existência de um dos termos subentende a existência do outro, aí há diversidade, vocábulo que indica a existência de dois versos, dois lados de uma mesma moeda.
Tudo isto terá como conseqüência a abolição do sexo. Não mais existirão homem e mulher, apenas seres que praticam atos libidinosos de acordo com o seu apetite, desenfreadamente, vale dizer, irracionalmente. Àqueles que ainda duvidavam que nos encontramos à beira dos tempos do fim, agradeço por terem lido este artigo, pois o livro do Apocalipse não é uma mera historieta, mas sim uma profecia, que parece estar se cumprindo.