segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Diversidade, Igualdade e Abusos de Linguagem.

Tem sido muito comum ouvir, nos dias atuais, o 'grande debate' acerca da diversidade. É grande o número de campanhas para a promoção da 'diversidade'. Basta digitar o vocábulo 'diversidade' no 'Google' e pululam referências na internet, especialmente sites do governo. No link http://www.juventude.gov.br/conferencia/10_diversidade_imp.pdf, por exemplo, é possível encontrar a cartilha lulista da nova 'ordem' que, prenunciada há séculos, crê-se estar por vir. Há outros links mais bizarros ainda, mas, analisarei apenas este.

Em tal documento é possível encontrar estultícias várias. Afirma-se, por exemplo, que não é possível dizer que não haja racismo em nosso país. Puxa, vida ! Me senti surpreso. Fui pego no contrapé. Não sabia que existia racismo no Brasil. E ainda, há mais: por conta da cultura escravocata, que ainda determina os rumos no Brasil (sic), se instituirá, a partir de agora, o ensino da história e cultura "Afro-Negona" (como diz Hélio de La Peña) nas escolas públicas. Ruanda é que deve ser mesmo o modelo a ser seguido, quando se trata de escravagismo, já que lá as tribos se escravizam até os dias de hoje e se massacram como se fossem insetos, as "Baratas Hutus". Que dizer então do Haiti, país mais negro do nosso continente.

Quer dizer, não se ensinará mais história do Brasil e história geral. A partir de agora, a história da África vai ganhar papel fundamental no currículo nacional, consistindo em uma disciplina à parte. Nem as civilizações mais avançadas ganharam este privilégios, aliás, não se ensina praticamente história antiga na escola, tampouco história medieval, já que isto, quando ocorre, corresponde sempre à mesma repetição de clichês, tais como Idade das Trevas e "os gregos eram umas bichas tresloucadas e por isso eram inteligentes". Ótimo, negligencia-se amplos períodos da história da humanidade, enquanto se valoriza todos os relatos de uma determinada região geográfica, como se, aliás, a África fosse uma unidade coesa formada só por povos de pele escura, ficando de fora Cartago, a Numídia, onde nasceu Santo Agostinho e etc.

Além do mais, para que se finde os argumentos, no que consiste a igualdade racial, senão reconhecer no seu semelhante um representante da raça humana, quaisquer que sejam suas características físicas externas ? Isto é igualdade; não criar sistemas de cotas e categorizações de pessoas segundo suas caracterízticas físicas, pois sabemos que, no Brasil, isso é impossível. Aonde estarão indo todas as matizes causadas pela miscigenação, que sempre foram reconhecidas, e que, afinal, são a realidade?

Outro assunto que chama atenção no famigerado panfleto é a apelação que se faz à igualdade de gênero, enquanto se propugna a diversidade sexual. O que dizer disso, então? A diversidade sexual que sempre existiu deve ser abolida, entre homens e mulheres, enquanto a igualdade sexual deve ser eliminada entre homens e homens, e mulheres e mulheres.

Além do mais, não é somente o fato da diversidade ter sempre existido, senão também o fato de que somente ela dá sentido à palavra sexo, enquanto tudo que é empregado a partir daí, como homossexualismo ou bissexualismo, tem sentido impróprio, quando se trata de humanos. Bissexuais são as minhocas que desempenham duas funções em duas relações diferentes, sendo que daí são produzidos ovos. A pessoa que mantém relações libidinosas com outras do mesmo sexo, além das do outro, comete, sim, uma perversão. A rigor, não se pode falar de homossexualismo.

Sem dúvida, trata-se de uma expressão da frase de um autor romano "O tempora, o mores!", mas é importante, também, notar que essa é uma tática de manipulação por estímulos contraditórios. Igualdade e diversidade são contraditórios em si mesmos, mas apenas quando referidos ao mesmo objeto na mesma relação. Na realidade, são complementares, apesar de o segundo depender do primeiro, pois nenhuma coisa pode ser diferente de outra se, em primeiro lugar, não for igual a si mesma.

Ora, o que se pretende, na situação comentada, é exatamente utilizar esses dois vocábulos de maneira contraditória, sem que se perceba, apenas trocando a palavra 'sexo' por 'gênero', de modo a, empregando-as na mesma acepção, apresentar propostas que colidem diametralmente, a saber: a igualdade de gêneros e a diversidade sexual.

Daí decorre que tais expressões idiomáticas não significam, propriamente, nada, sendo usadas tão-somente para a inversão de valores na sociedade. É importante entender que, tanto a sodomia quanto o lesbianismo são negações da identidade sexual das pessoas por elas próprias. É o sexo versus o não-sexo, uma relação que, na lógica aristotélica, se diria de contradição; não há aí diversidade, mas simplesmente negação, isto é, destruição. Já a relação existente entre homem e mulher é complementar, uma relação denominada de contrários, na qual a existência de um dos termos subentende a existência do outro, aí há diversidade, vocábulo que indica a existência de dois versos, dois lados de uma mesma moeda.

Tudo isto terá como conseqüência a abolição do sexo. Não mais existirão homem e mulher, apenas seres que praticam atos libidinosos de acordo com o seu apetite, desenfreadamente, vale dizer, irracionalmente. Àqueles que ainda duvidavam que nos encontramos à beira dos tempos do fim, agradeço por terem lido este artigo, pois o livro do Apocalipse não é uma mera historieta, mas sim uma profecia, que parece estar se cumprindo.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Relaxogozismo e o sentido da vida.

"O estupro é inevitável, relaxa e goza !" Este é o dito popular brasileiro mais permeado de estultice que existe. Aliás, se ousaria dizer até que é o mais repugnante já inventado pelo homem. Tão só o fato de um povo tê-lo adotado como símbolo cultural já relegaria esta nação a um lugar de esqucimento na história. Por quê? Bem, será que as milhares, ou milhões de pessoas que já o pronunciaram seriam capazes de praticá-lo ao serem violentadas ?

O psicólogo austríaco Viktor Emil Frankl, criador da Logoterapia, disse que a vontade primeira que impele o ser humano é a vontade de sentido. É por isso que, segundo ele, até o sofrimento poderia fazer sentido. Disse ele, também, que a maior coragem que um ser humano pode ter é a coragem de sofrer. O sofrer, segundo entendido por Frankl, era a incompatibilidade entre a liberdade interior do sujeito e as circunstâncias do mundo exterior. Daí tira a conclusão de que no campo de concentração (local de onde tirou sua logoterapia) o mais importante é o exercício desta liberdade interna, o "não entregar os pontos".


O relaxogozismo petista (e antes disso, Brasileiro) é justamente o contrário, é a covardia de escolher não sofrer ante uma situação que seria de todo modo rejeitada por aquilo que há de mais profundo na consciência do indivíduo - sua própria essência, sua personalidade, seus valores - não só aceitando, mas escolhendo compactuar com o seu agressor. O resultado disso é o próprio esfacelamento da consciência do indivíduo. É o suicídio espiritual, e o motivo disso é óbvio: aquilo que era só uma derrota no mundo físico passa a se tornar uma derrota no mundo espiritual. A liberdade interior, perene, é perdida, no lugar da liberdade exterior, que não pode ser perdida mais do que temporariamente.


Aliás, isso parece ser um sinal destes tempos modernos. A Síndrome de Stocolmo, por exemplo, é um dos maiores exemplos da loucura que vem assolando o mundo; e se trata justamente disso: a vitória do mal. A vítima tenta ver o agressor como também vítima, e passa a defendê-lo contra todos, até mesmo aqueles que lhe quiseram o bem a vida inteira, compadecendo-se dele. E o pior é que não está lhe fazendo nenhum bem, mas incentivando-o a continuar praticando o mal.

Além disso, aqueles que supostamente deveriam clamar contra a injustiça sofrida por outrem, compadecendo-se deste, buscam em cada vez maior quantidade e grau sair em defesa dos malfeitores, como uma leoa faz com a sua cria; que o digam Dona Marilene Fela Anta e Luís Ferdinando Falssíssimo. Afinal, como expôs Olavo de Carvalho:


(vive-se em) "uma ordem social na qual tudo aquilo que os milênios consideraram abominável ou desprezível é entronizado como obrigação máxima e cláusula pétrea, proibindo e criminalizando tudo o que a humanidade anterior sempre considerou bom, correto e desejável. O amor familiar é condenado como camuflagem da violência doméstica e da pedofilia, enquanto os estupradores e pedófilos autênticos são protegidos como vítimas da sociedade má. A devoção religiosa é estigmatizada como disfarce de todas as paixões mais baixas, enquanto estas, na sua versão mesmo a mais crua e direta, são elevadas à categoria de padrões normativos obrigatórios. Todas as relações humanas, denunciadas como “véu ideológico” estendido sobre relações de poder, são trocadas, ao som de fanfarras, pela manifestação brutal do poder explícito, celebrado como salvador e humanitário. Todo o universo criado, onde o império relativo do bem mantinha o mal sob controle, é acusado de ser um imenso engodo, e o império do mal explícito é aclamado como única e definitiva encarnação da bondade, como reino da justiça."

Diante de tal situação, cabe a nós, pessoas do mundo ocidental, relembrarmos a lição daquele que tem sido a razão de contarmos os anos como o fazemos: Jesus Cristo. O sacrifício na cruz pode parecer a alguns uma derrota, mas trata-se da maior das vitórias: a do espírito sobre o corpo. Justamente o contrário do que ocorre hoje em dia, época na qual os seres humanos criam cada vez mais meios de se esquivar de suas responsabilidades através da tecnologia. Uma assunção da derrota do espírito que, incapaz de controlar o corpo, se abstém de fazê-lo, rendendo-se ao conforto da matéria.

sábado, 26 de maio de 2007

O Aborto e a Morte "Materna" no Brasil

A discussão do momento, sobre o Aborto, tem suscitado muitas discussões nos veículos de comunicação de massas.

Não bastassem os argumentos com o alto grau de empulhação no que concerne ao deslocamento do núcleo da questão, que é a vida, para a "liberdade de escolha" ou o "direito de decidir", a grande mídia, claramente aboritsta, ainda utiliza construções verbais imprecisas, de modo a, com isso, iludir os seus leitores e os fazerem tomar por verdadeiro algo que precisa ser provado. Isso quando não estendem indevidamente os sentidos das palavras, para fazerem parecer que uma coisa é uma coisa, quando, na verdade, é outra coisa ! Isso, caso não sejam apenas, é claro, maus utilizadores da língua portuguesa, que não estudaram o suficiente para utilizá-la com um mínimo de correção.

Eis aqui o primeiro dos exemplos, ambos manchetes da primeira página do jornal "O GLOBO":
"Presidente Lula ADMITE que a lei do aborto é ultrapassada"

Ora, um dos pressupostos da democracia é a imparcialidade dos meios de comunicação, que devem transmitir a verdade sobre os fatos, e não opiniões sobre eles, pelo menos não nas manchetes, pois que há o Editorial, espaço reservado para isso.

Não é o que se percebe desta manchete do jornal do sábado último. Ao utilizar a palavra ADMITE, o jornal, assim, incute a sua opinião na mente do leitor incauto, fazendo-o tomar por pressuposto que a obsolescência da lei do aborto é um fato. Quem admite, admite uma verdade. Seria o correto noticiar que Lula declarou, afirmou, asseriu, defendeu ou vocábulo similar, pois não passa de uma OPINIÃO, e não de um FATO.

Além disso, não existe uma LEI do aborto, apenas um artigo do Código Penal. Se a lei do aborto é atrasada, então todo o Código Penal é atrasado. Passando para o segundo, e mais gritante, exemplo, temos:
"Aborto é a terceira maior causa de morte materna no Brasil"

Mais uma vez, o mesmo veículo, de maneira cara-de-pau, vem, novamente na primeira página, enganar o leitor distraído, distorcendo o sentido das palavras para, novamente, cooptá-lo a participar no seu plano sujo de legalização abortista.

O primeiro a se notar, é o significado da expressão morte materna. Segundo a OMS, na CID (Classificação Internacional de Doenças):

“morte de uma mulher durante a gestação ou até 42 dias após o término da gestação, independente da duração ou da localização da gravidez, devido a qualquer causa relacionada com ou agravada pela gravidez ou por medidas em relação a ela, porém não devido a causas acidentais ou incidentais”

Tal definição parece esquisita, em princípio. Como considerar uma causa relacionada com ou uma medida tomada em relação à gravidez como uma causa não incidental ? Senão vejamos: Incidental
Datação1557-1562
cf. FMenSer
Acepções
■ adjetivo de dois gêneros
1 relativo a ou que tem caráter de incidente
1.1 que sobrevém a, que tem caráter acessório, secundário; incidente, superveniente
1.2 que acontece de forma fortuita e/ou imprevisível; acidental, eventual, episódico

Note-se que a acepção contida no item 1.2 fica, desde já excluída, pois antes de incidental já se faz referência a acidental. Restam as definições separadas pelo ponto-e-vírgula no item 1.1.

Assim sendo, considerar-se que a primeira definição está contida necessariamente na segunda, tomarei esta como válida para o vocábulo em questão, restando assim, somente aquelas causas supervenientes à, mas independentes ontologicamente/teleologicamente da gravidez enquanto processo desenvolvido no tempo e cuja finalidade é o parto de um bebê com vida.

Desta feita, as duas outras espécies de causa possíveis são, agora, harmônicas com o que expressa o vocábulo 'incidental' tanto no que tange a causa relacionada com, por ser uma decorrência do desenvolvimento do processo, mesmo que defeituoso, quanto em se referindo a medida em relação a ela, desde que tenha por escopo aquele que é, por definição, o de uma gestação saudável: o nascimento, com vida, do bebê.

Fica claro, então, que, das causas de morte materna, está excluído o processo de interrupção voluntária da gravidez, do qual a gravidez não é causa: o popular aborto.

Note-se que esta palavra também é utilizada de maneira errada. Aborto é o resultado de um processo chamado abortamento. O resultado, o feto morto, expelido, não pode causar nada à gestante interrompida, mas o processo que culmina nesta situação, sim. O aborto é tão conseqüência quanto a "morte materna". Só que, neste caso, o mau emprego, tal qual se dá com 'lei', não provoca maiores danos.

Além disso, a exemplo do que se passou no penúltimo parágrafo, far-se-á a análise da palavra materna, adjetivo que considera aquilo que é relativo a mãe:
Mãe
Datação sXIII
cf. AGC
Acepções
■ substantivo feminino
1 mulher que deu à luz, que cria ou criou um ou mais filhos
2 fêmea de animal que teve crias ou que cuida ou cuidou delas

Como pode o aborto ser considerado uma forma de morte materna, relativa a mãe, se mãe é uma palavra relativa.
A quê? Ora, obviamente a filho. Quem é mãe, só é, em relação a um filho.
Como pode a mãe que visa à negação de tal condição, ser considerada vítima de uma morte materna? No máximo, poderemos dizer que se trata da morte de uma grávida (interrompida, é verdade), mas não de uma mãe !
Nota: As definições vocabulares foram extraídas do dicionário Houaiss, versão da internet.